Com foco na diversidade, cantora chega aos 40 anos criando legado artístico com responsabilidade social
(Arte e edição: Since Bruno / @Since_Bruno / Divulgação)
Texto: Arthur Anthunes
Cantora, compositora, atriz, modelo, dançarina, empresária, produtora, diretora e roteirista, no auge de sua carreira, Beyoncé chega aos 40 anos de idade sendo reconhecida como uma das maiores artistas da indústria do entretenimento. O enorme êxito comercial em torno de seus discos, a presença de palco com elementos marcantes de dança, a qualidade, e os icônicos videoclipes tornaram Beyoncé um dos nomes mais conhecidos e requisitados do mundo.
Dentre diversos recordes, Queen B, como é conhecida, se tornou a cantora com maior número de vitórias na história do Grammy Awards, ao todo, são 28 troféus vencidos na maior premiação de música do mundo. Artista remodelou a indústria da música com o lançamento surpresa de seu álbum visual "BEYONCÉ" (2013) e popularizou o uso dos chamados ‘álbuns visuais’. Em meio a tantos recordes já conhecidos, outro aspecto em torno de sua carreira vem ganhando destaque na mídia, o verdadeiro empenho da cantora em alavancar e dar visibilidade para jovens talentos, principalmente talentos negros.
(Foto: Beyoncé no Grammy Awards 2021 / Divulgação)
Ainda no final de 2020, para a Vogue, Beyoncé revelou o novo foco em sua carreira:
“Nem todo mundo tem a oportunidade de ser contratado para trabalhar numa Vogue, dirigir um filme ou criar uma linha de roupas, e isso se atribui à falta de diversidade do ambiente. Tenho me concentrado em mudar essa mentalidade com meus projetos. Eu investi 100% dos meus ganhos para garantir que tivéssemos as melhores pessoas e a melhor produção em ‘Black Is King’, porque sei o nível de qualidade que qualquer produção precisa pode ser encontrado em uma equipe diversificada”, finalizou.
Na verdade, não é de hoje que a intérprete de “Formation” (2016) vem buscando criar espaços mais inclusivos e diversos em suas obras, desde 2015 cantora reforça publicamente a necessidade de prover oportunidades para jovens talentos negros em todos os cenários, os lançamentos de projetos como “Lemonade” (2016) e do histórico show “Homecoming” (2018) no Festival Coachella reforçam esse discurso. Ainda em 2018, Tyler Mitchell, até então com 23 anos, ao ser escolhido diretamente por Beyoncé, se tornou o primeiro fotógrafo negro a produzir uma capa da revista Vogue. Fato chamou atenção do mercado e logo em seguida, Tyler passou a assinar com frequência editoriais da renomada revista.
(Foto: Vogue, Setembro de 2018 / Tyler Mitchell)
O último projeto de Beyoncé, o grandioso “Black Is King” (2020) chegou ao mundo trazendo tópicos ligados a ancestralidade, beleza negra e representatividade. Lançado pela plataforma Disney+, filme visual como parte integrante do álbum “The Lion King: The Gift” (2019) se tornou uma das obras mais aclamadas do último ano. Junto com o filme, foi lançado o catálogo “Black Parade Route”, com objetivo de impulsionar marcas africanas e afro-americanas, dando mais visibilidade para pequenas empresas lideradas por empresários negros. Milhares de dólares foram doados para os pequenos empreendedores, de forma a amenizar impactos da pandemia. Recentemente, a empresa brasileira Black Influence, do empresário Ricardo Silvestre, chegou a ser indicada no projeto.
Tudo em torno do “Black Is King” foi grandioso e representativo, além dos artistas, cantores e musicistas, para a construção do filme foram movimentados mais de 1700 profissionais, incluindo diretores, produtores, editores, atores, dançarinos, roteiristas, coreógrafos, maquiadores, designers e tantos outros de diferentes países. Como uma verdadeira carta de amor ao continente africano, grande parte dos profissionais envolvidos no projeto criaram a obra e apresentaram a África sob suas próprias óticas. Dentre o elenco principal do filme, 88% foi formado por atores e atrizes do continente africano, incluindo os ícones Connie Chiume (69 anos), Nyaniso Ntsikelelo Dzedze (34 anos), Nandi Madida (33 anos), Warren Masemola (38 anos) e Papi Ojo (23 anos).
É possível observar em diversos editoriais de Hollywood, o destaque dado aos envolvidos na criação de “Black Is King”. Recentemente, a estilista norte-americana Zerina Akers foi reconhecida com o primeiro Emmy de sua carreira pelo belíssimo trabalho de direção em torno dos mais de 60 figurinos utilizados no filme. Nas redes, Zerina brincou sobre o novo status, “o preço de ontem já não é o de hoje”.
O ganês Blitz Bazawule, um dos diretores do aclamado e Grammy Nominee álbum visual, foi apontado como o novo diretor do remake de “A Cor Púrpura”, que será estrelado pela cantora H.E.R. A diretora nigeriana Jenn Nkiru, viu sua carreira crescer após dirigir o aclamado vídeo de “Apeshit”, em 2018. Responsável pelo ato de “Brown Skin Girl” em “Black Is King”, Nkiru ganhou em 2021 seu primeiro Grammy na categoria de “Melhor Clipe”, pela direção da obra.
Dentre tantos nomes é possível citar ainda Kwasi Fordjur, Emmanuel Adjei, Derek Milton, Meji Alabi e Shatta Wale, o rei do dancehall em Gana, como profissionais que receberam grande destaque após o lançamento de “Black Is King”.
É certo que Beyoncé não irá parar de impactar positivamente o mundo do entretenimento com sua arte, cantora já afirmou que segue trabalhando em novos projetos musicais e sociais. Inclusive, recentemente, através de sua parceria com a Tiffany & Co, cerca de U$ 2 MILHÕES em financiamento para programas de bolsas e estágios em Faculdades e Universidades Historicamente Negras foram investidos. Por aqui, seguimos celebrando Beyoncé e aguardando próximas cenas dessa história.
Acompanhe tudo que acontece no mundo da música, cinema e TV, siga o eolor no Instagram:
Comentários