A pesquisa destacou que o consumo digital segue liderando as preferências culturais no Brasil.

Os brasileiros estão consumindo mais cultura, mas barreiras como violência e dificuldades financeiras ainda impedem o pleno acesso às atividades culturais. Essa foi uma das principais conclusões da nova edição da pesquisa Hábitos Culturais, apresentada nesta terça-feira (18) durante a SIM São Paulo 2025 pelo superintendente do Itaú Cultural, Jader Rosa. O estudo, conduzido pelo DataFolha e Observatório Fundação Itaú, revelou que 97% dos brasileiros afirmam ter realizado alguma atividade cultural nos últimos 12 meses, sendo 85% presencialmente e 89% em casa ou on-line. Mais da metade dos entrevistados afirmou participar de eventos presenciais ao menos uma vez por mês.
A pesquisa destacou que o consumo digital segue liderando as preferências culturais no Brasil. Ouvir música on-line foi a atividade mais mencionada, citada por 83% dos entrevistados. Em seguida, 73% afirmaram assistir a filmes em plataformas de streaming, enquanto 69% consumiram séries on-line. Além disso, a TV aberta continua relevante: 56% dos entrevistados assistiram a novelas, enquanto 52% ouviram podcasts.
Apesar do aumento na participação cultural, a pesquisa revelou desafios estruturais. 35% dos entrevistados citaram o medo da violência e dificuldades financeiras como os principais impedimentos para frequentar atividades culturais presencialmente. Esses números reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à democratização da cultura, garantindo que mais pessoas tenham acesso a teatros, cinemas, shows e outras manifestações artísticas.
Durante o painel, Jader Rosa ressaltou a importância dos dados para o fortalecimento do setor cultural e a formulação de estratégias para ampliar o acesso. “Hoje a economia criativa equivale a 280 bilhões, sendo a parte da música 540 mil reais. A gente percebe que os ambientes, os espaços ao ar livre, onde existe a maior procura do público, destacam-se os festivais, onde os jovens estão em maior número. São pessoas de 16 a 24 anos, pessoas de maior classe social e escolaridade. A gente percebe também que não é somente a renda que mobiliza a participação nestas atividades culturais, mas sim a escolaridade. Também identificamos que essas atividades culturais ligadas aos jovens reduzem significativamente os níveis de estresse e solidão entre eles. De outra maneira também concluímos que o sertanejo é o ritmo que eles mais ouvem, bem como também o fato de que a festa junina curiosamente ser a que os brasileiros mais frequentam.”, afirmou.
Além de mapear o consumo de cultura no Brasil, a pesquisa detalhou a frequência das atividades culturais, o perfil de gastos do público e as motivações para o consumo cultural, oferecendo um retrato amplo dos hábitos da população brasileira. O relatório da pesquisa está disponível no link.
Os dados apresentados servirão como base para a formulação de políticas públicas, incentivo à produção independente e fortalecimento das instituições culturais, contribuindo para um cenário onde a cultura possa ser cada vez mais acessível e transformadora para toda a população.
A SIM São Paulo 2025 segue com sua programação nos dias 19 e 20 de fevereiro, no Memorial da América Latina, reunindo profissionais da indústria cultural, artistas, pesquisadores e agentes do setor para debater os desafios e oportunidades da música e das artes no Brasil. Com painéis, workshops, showcases e encontros de negócios, a conferência promove debates e conexões para fortalecimento da cena musical e da economia criativa no país.
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