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Foto do escritorLucas Cranjo

Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta obra inédita de Tunga na Sala de Vidro

Composta por elementos recorrentes no vocabulário poético do artista, como garrafas de cristal, pedras e pratos presos em aros e hastes, a instalação 'Eu, Você e a Lua' é uma das últimas obras realizadas por Tunga.

Tunga. Eu, Você e a Lua, 2015. Coleção particular. Imagens licenciadas pelo Instituto Tunga. Foto Ding Musa


Tunga (1952 - 2016) se interessou pela alquimia, pela psicanálise, pelas ciências e pela filosofia. Ao longo de quatro décadas, construiu uma mitologia singular, na qual as noções de permanência e transformação são fundamentais. Uma das últimas obras realizadas pelo artista e inédita no Brasil, Eu, Você e a Lua (2015), será apresentada de 09 de agosto a 28 de janeiro de 2024, na Sala de Vidro do Museu de Arte Moderna de São Paulo. A mostra tem apoio do Instituto Tunga.


“Na poética de Tunga, o que está no planeta Terra ou fora dele, o interno e o externo, assim como eu, você e a lua, formam um todo indivisível”, reflete Cauê Alves, curador-chefe do MAM, no texto que acompanha a obra.


Foto Ding Musa

Eu, Você e a Lua reúne elementos frequentes de sua obra, como pedras, espelhos, garrafas de cristal e de gesso, e pratos presos em aros e hastes. O corpo da instalação é formado por um grande tronco oco e petrificado, sustentado por dois tripés. Sob a sombra que a obra faz na Sala de Vidro, um âmbar percorre quase toda a extensão do tronco. Os espelhos que compõem a obra, refletem em cima e embaixo garrafas de quartzo.


“O fóssil de uma árvore que se manteve intacto, como se o tempo estivesse suspenso, convive com uma essência de âmbar, uma fragrância com toques amadeirados que goteja como se uma ampulheta marcasse a passagem do tempo e a transformação da matéria. Recorrendo ao olfato e à visão, os elementos originários e pré-históricos na obra de Tunga se fundem ao contemporâneo e à presença efêmera do perfume”, explica Cauê Alves.


A obra será exibida no MAM tal como ela foi originalmente mostrada na França, em 2015, no Centre d’Arts et de Nature, em Domaine de Chaumont-sur-Loire, com piso de saibro, que compõe a atmosfera amadeirada e terrosa do ambiente.


Tunga imaginava o corpo humano reconstruído a partir da paisagem e por isso unia elementos díspares, a fim de criar uma nova sensibilidade. “Eu chamo isso de ‘o olhar da lua’. O que está em jogo aqui é a transmutação do olhar em perfume [...]”, afirmou o artista em artigo de Myriam Boutoulle, Tunga, l'amour, la lune et l'arbre alchimique, publicado em 2015.


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